Patrizia e SilvioWálter Fanganiello MaierovitchTerminou a trégua pedida, durante o G8, pelo presidente Giorgio Napolitano. Assim, Silvio Berlusconi voltou à alça de mira.
A escort Patrizia D´Addario, que passou uma noite com Berlusconi no palazzo Grazioli, residência oficial do primeiro ministro da Itália, entregou à revista L´Espresso a gravação de alguns momentos do seu relacionamento com o premier Casanova.
Momentos de puro encanto na hora da escolha da cama:
Berlusconi: -“Vou tomar um banho também. Se você terminar primeiro, me aguarde na cama-grande”.
D´Addario: - “Qual cama-grande você se refere. É aquela do Putin?”
Berlusconi: - “É, a que serviu ao Putin” .
D´Addario: - “Que graciosa... Com suas cortinas”.
A revista L´Espresso tem o áudio em seu poder, o mesmo ocorrendo com os magistrados do ministério Público de Bari, por onde tramita investigação por favorecimento à prostituição e fraudes em licitações públicas, contra o empresário Gianpaolo Tarantini, do ramo de próteses cirúrgicas.
Não se trata, portanto, de transcrição sem áudio.
Em outras palavras, nada parecido com o caso do ministro Gilmar Mendes. À época, a revista Veja publicou a transcrição de uma conversa telefônica entre o ministro Mendes e o senador Demóstenes (DEM).
Enfurecido e a bradar sobre a existência de um “estado policialesco”, sem perceber do “judicialesco” que está a promover desde a sua investidura na presidência do Supremo Tribunal Federal, o ministro Mendes “chamou Lula às falas”, exigiu a demissão do delegado Paulo Lacerda da direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e o afastamento do delegado Protógenes Queiroz, que presidiu o inquérito policial decorrente da operação Satiagraha. Pior de tudo: o ministro Mendes foi atendido.
O áudio referente à conversa do ministro Mendes nunca apareceu. E o inquérito policial sobre o presumido “grampo” acabou arquivado por falta de prova da materialidade delitiva, ou seja, da existência do áudio. Mendes não se desculpou com Lula.
Como se percebe, o comportamento de uma garota de programa foi mais digno do que a conduta da fonte da revista Veja, que não deixou o áudio e parece ter inventado, no interesse de Dantas, a história de a gravação ter sido realizada pela Abin, no gabinete do presidente do STF.
A direção do L´Espresso informou que a gravação está à disposição do premier Berlusconi e avisou que não publicaria a matéria sem ter a posse de cópia autêntica do áudio. O que faria no caso de Gilmar Mendes, sem audio ?
O advogado de Berlusconi, eleito por ele deputado, disse que o registrado não é verdadeiro.
No particular, o advogado Ghedini usa a mesma tese do defensor de Daniel Dantas, depois do recebimento da denúncia ocorrida ontem, contra o empresário. Ou seja, nenhuma verdade existe na gravação realizada. É tudo mentira, frisou Ghedini.
Ghedini levou o dardo mais adiante. Diz que a gravação já estava nos autos do inquérito e o jornalista responsável pela revista deve ser responsabilizado criminalmente, por uso de “elemento” de procedimento sob sigilo de Justiça. Essa tese é muito conhecida por aqui, em especial para os que entendem em interpretar a Constituição de modo a restringir a liberdade de imprensa.
Não bastasse o novo escândalo sobre o caso “D´Addario”, os jornais noticiaram os nomes de dois convidados para o reality Ilha dos Famosos, da Radio e Televisão Italiana (RAI). Seriam Noemi Letizia e o seu pai Elio: Noemi foi apontada como namorada de Berlusconi, num relacionamento iniciado quando ela era menor de idade.
PANO RÁPIDO. Uma ópera macarrônica protagonizada pelo premier Berlusconi, até com fantasia sexual em cima da cama-tenda de Putin. Pelo menos, o episódio a envolver Berlusconi é mais engraçada, no que toca ao áudio, do que a opera-bufa a envolver o ministro Gilmar Mendes.
Fonte: Carta Capital.