Da Carta Capital
A pós conquistar as presidências da Câmara e do Senado, o PMDB finalmente atingiu o pré-sal das barganhas políticas com o governo. A ideia da CPI da Petrobras foi do PSDB, que vislumbrou a oportunidade de montar um palanque eleitoral para atazanar Lula até as vésperas das eleições de 2010, mas têm sido os neoaliados do Planalto, e principalmente a porção submetida aos senadores Renan Calheiros e José Sarney, os únicos beneficiários da proposta de investigação da estatal.
Como de hábito, o PMDB criou dificuldades e em seguida apresentou-se como parte da solução do problema. Para garantir o controle irrestrito do governismo na CPI, a legenda colocou na mesa a revisão dos acordos eleitorais nos estados, em 2010. Os peemedebistas querem que o PT deixe de lançar candidatos a governador em ao menos dez estados e apóie suas indicações. Cargos estratégicos na Petrobras ocupados por petistas também estariam na mira. Sarney tem especial predileção pelo setor energético.
Não fosse, aliás, por Sarney, a CPI continuaria a ser o sonho de uma noite de verão da ala lacerdista do tucanato, sempre disposta a reeditar o clima da época do chamado mensalão. Foi o presidente do Senado quem deu a brecha para que o requerimento fosse lido em plenário na sexta-feira 15. Poderia, se desejasse, não tê-lo feito, assumindo a presidência da sessão.
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